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WALDEMAR ZVEITER
( BRASIL – MINAS GERAIS )
Nasceu em Brasópolis, Minas Gerais, em 1932.
Descendente de judeus vindos da Rússia.
Formou-se em Direito, aos 25 anos, pela Faculdade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Presidente da OAB- RJ, nos biênios 1973-1975 e
1975-1976, membro do Conselho Superior do Instituto dos Advogados Brasileiros, foi nomeado Juiz do Tribunal Regional Eleitoral, em 1980.
Cidadão honorário de Campos (RJ), recebeu, em 1978, o titulo de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro, concedido pela Assembleia Legislativa. Recebeu em 1979 o título de Cidadão Niteroiense.
Como advogado militante recebeu o Colar do Mérito Judiciário, conferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Em 1982, Waldemar Zveiter ingressou, como Desembargador, no Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Publicou Prisma e Ótica, livro de poemas.
A TOGA E LIRA: coletânea poética. Abeylard Pereira Gomes ...
et al.: apresentação por Fernando Pinto. Rio de Janeiro: Record, 1985. 224 p. Ex. doação do livreiro BRITO, Brasília
DEDICAÇÃO
Se nas esferas
estelares uma
gota de amor eu vi,
enxerguei c´os olhos
de minh´alma a
dedicação divina de
Maria ao filho
do Reino de Davi.
CONTINUIDADE
A angústia do vazio
dentro de mim
me repele.
A insignificância
da vida
que se reveste
na pele de meu ser
pode ser extinta
num átimo.
Nela, a destruição
de minha carne
de meus ossos.
E depois, só o vazio
de agora?
E os segundos
os minutos,
as horas
de toda essa existência?
E os desejos
os sonhos
as dores
os prazeres
que me trouxeram
até aqui
agora?
Onde estou,
no meio do caminho
ou no seu fim,
que pode surgir
a qualquer instante,
porque imponderável
e inconstante,
depende do vazio
de agora.
Fui gerado
e seu sêmen
se extingue lentamente
enquanto pelo meu
se perpetua
na semente
de minha própria
semente.
Sinto a angústia
porque não posso
dispor da vida
e seu cumprimento,
que me é imposto,
é fardo insuportável
que procuro sustentar
porque não foi dádiva
mas direito de conquista
traduzido no sulcos
de minha pele,
nas dores
de minha carne
e na continuidade
que sou, nos que
de mim se seguiram
como dele um dia vim.
Ainda que ele se vá
e que eu me extinga
em dia,
sempre haverá de nós
nos frutos de nossas sementes
pelo sempre de
todo sempre.
REVELAÇÃO
Olhei dentro
de mim
em busca
do mundo
que a vida
exterior
não conseguiu
explicar,
e vi
perplexo,
que nada
mais era,
senão o
reflexo
das contradições
reluzidas
de minha
própria alma.
LAMENTO
Quero cantar
meu verso
e dizer
ao povo
que louvo
a alegria
de lhe pertencer.
Quero cantar
meu verso
e ser como sou,
no verso
ou anverso
do âmago
de meu próprio ser.
Quero cantar
meu verso
e dizer
que ser povo
é sentir, é ver,
e ter a miséria,
a fome,
o frio,
o vento
e o lamento
lento
de quem tem
sem ter.
IMPRESSÕES
Vi em ruínas
as obras dos ancestrais
elaborada com finura
e esplendor de mais
de mil anos atrás
E em torno
de seus contornos
o perfil
dos que morreram
nelas deixando
a marca de seu tempo.
Em seu louvor,
erigiram-se Templos,
Palácios,
monumentos
capazes de resistir
a erosão, o tempo
que, contudo,
em contratempo
trouxe outros
homens mais
que se incumbiram
de sua destruição.
E, na girândola da vida
aqui me encontro
(se encontro)
embora, com encanto
na expectação:
Constroem, também,
os homens de hoje
suas obras para o amanhã
E OS HOMENS QUE VIRÃO?
*
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Página publicada em julho de 2023
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